O retorno.
Querido Desconhecido,
Retornar pode ser algo complicado.
Quando voltamos ao conhecido, nossas memórias afloram e interferem naquilo que é presente. As vozes antigas buscam guiar o caminho novo, e a confusão surge. A visão fica embaçada e o sentido vivo se perde ao passado.
Voltar é reconhecer os caminhos percorridos e se manter íntegro ao percurso. É continuar caminhando sabendo que nenhum dia é igual e que a mudança foi tão grande, que tornou-se outro.
Outro ser que vê e vive de forma serena e completa, que descobriu a si mesmo e suas potencialidades pois um dia caminhou e experienciou. E esses registros, vividos na prática, são levados por toda a vida.
O retorno nunca é para o mesmo espaço.
Tudo muda a todo instante, e por isso, uma música não pode ser tocada da mesma maneira, afinal, junto dela as energias que perpassam são únicas, vindas da presença.
O caminho pode ser parecido, mas o caminhante não. Nada acorda do mesmo jeito que dormiu. A vida e sua impermanência traz a sutil consciência que precisamos para dar um passo a mais, sempre em frente.
E neste compasso, que está ligado ao coração, nascemos e morremos a todo instante para transcender aquilo que está disponível e pronto à nossa espera.
Com amor,
Elisa.
